Páginas

18 junho 2011

O que fazer se o seu filho foi mal na prova?

Ser compreensivo, mais rígido... Como lidar com esse momento da vida da criança - difícil para ela e para os pais.

Foi assim com você e ainda continua da mesma maneira. A semana de provas é estressante – tanto para pais quanto para filhos. Você, no tempo que pode, procurou fazer o melhor para auxiliar o seu filho nas dúvidas que tinha em cada disciplina. Ele, por sua vez, se esforçou nos estudos, ainda que em algumas matérias tenha mais facilidade, claro! Muitas vezes, no entanto, na hora da prova, o nervosismo - ainda mais para aqueles que estão passando por essa experiência pela primeira vez - tira a concentração e a decepção chega junto com as notas. E agora? Como lidar a pontuação baixa ou até mesmo um boletim inteiro vermelho?

A professora da escola BBS, Cristina Navarenho Santos Zanetti, há 16 anos na profissão, está acostumada a dar esse tipo de notícia, para a criança e para os pais. Segundo ela, antes de tudo, é importante que o professor acolha o aluno para depois questionar qual foi o problema que o levou àquela nota.“Sempre deixo a criança se abrir, mostro que me importo e digo que ela sabe mais do que aquilo que colocou na prova, porque é verdade. Muitas vezes, a tensão toma conta do raciocínio, mesmo que ela tenha estudado”, diz.

De acordo com Cristina, as provas devem ser somente mais um instrumento de avaliação, junto com excursões, trabalhos, atividades em grupo e feiras de ciência - e não uma ferramenta que concentre todo o peso da aprendizagem daquele bimestre. “Isso deixa a criança ainda mais insegura”, esclarece. Além disso, ela deve ser incentivada a estudar um pouco todos os dias para assimilar o conteúdo com calma e tempo.

Conversar com o filho, com calma, é o primeiro passo depois que o boletim chega com as notas baixas, segundo Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Lembre-se de que é fundamental que ela possa contar com seu apoio. No entanto, não há uma única fórmula porque depende da característica da criança. “Cada família tem uma dinâmica. Se o filho é descompromissado, os pais precisam descobrir o porquê de ter ido mal na avaliação escolar e incentivar a criança, explicando a importância do estudo para a sobrevivência dela”, afirma. Punição, segundo Quézia, não é o caminho. Em vez de cortar tudo o que ela gosta, como forma de castigo, faça acordos e reorganize a sua rotina. Um exemplo é avaliar o tempo em que ela passa em jogos, assistindo à TV, com atividades extracurriculares, como natação, futebol, balé. Se nada adiantar, vale procurar ajuda profissional para ajudá-la a superar as dificuldades.



Na casa do empresário autônomo Gilson Francisco da Silva, 37 anos, pai de Melissa, de 9 anos, há regras estabelecidas. “Se ela chega com uma nota baixa, eu sou duro. O combinado é suspender durante uns dias aquilo que ela mais gosta de fazer, porque o estudo é a obrigação dela nesse momento”, conta. Já Karla Coraini Rodrigues, 35 anos, gerente de vendas e mãe da Vitória, de 9 anos, age diferente. “A gente conversa e eu tento ver o que está atrapalhando. Tento notar se é psicológico ou falta de vontade. Procuro analisar a situação como um todo e nunca cobro, porque sei que ela já se cobra. Sempre digo que ela pode melhorar”, comenta.



Podem ser várias as razões para um desempenho ruim na escola, como falta de estudo e de motivação, timidez na hora de tirar dúvidas, problemas sociais (família e amigos), Déficit de Atenção, entre outros. Junto com a escola, os pais devem observar qual é a principal dificuldade da criança e, dependendo do motivo, ela deve ser orientada por um profissional. Agora, vale reforçar: esse acompanhamento dos pais com os estudos do filho não deve se concentrar apenas no período de provas. O interesse tem de ser diário.

E quando seu filho recupera a nota, deve ser recompensado?
Segundo Quézia, a recompensa é perigosa. “A criança tem que perceber que ela já está lucrando com essa nota alta, e não depender de um presente para saber que fez a coisa certa. Senão, ela vai começar a sempre querer algo em troca e deixar de prestar atenção na importância do estudo no seu desenvolvimento”, afirma. O mais válido nesse momento é você mostrar ao seu filho o quanto está feliz e orgulhoso de sua recuperação e também como o esforço é sempre válido para obter resultados, em tudo o que ele fizer na vida.





Teste do Pezinho tem data especial

É só um furinho, mas pode mudar a vida do seu filho. E os especialistas garantem que nem dói tanto quanto você pensa.

 Sabe aquela picadinha no pé do seu filho assim que ele nasce? É o teste do pezinho. E para enfatizar a importância do exame o governo federal instituiu dia 6 de junho como o Dia Nacional do Teste do Pezinho.

O exame detecta uma série de doenças que podem afetar o seu desenvolvimento. “Ao diagnosticá-las precocemente, como a fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito, responsáveis por deficiências mentais e problemas de desenvolvimento, é possível começar o tratamento adequado nas primeiras semanas de vida do bebê e evitar conseqüências graves no futuro”, diz Ehrenfried Othmar Wittig, neurologista, fisiatra e conselheiro consultivo da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal.

O Teste do Pezinho é obrigatório, gratuito e um direito da criança estabelecido por lei desde 1992. Em 2001, foi criado pelo Ministério da Saúde o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), que engloba desde o diagnóstico precoce até o acompanhamento e o tratamento de quatro doenças congênitas causadoras de deficiências: fenilcetonúria, hemoglobinopatias, hipotireoidismo congênito e fibrose cística. Porém, em alguns estados, a pesquisa para fibrose cística ainda não é realizada.

Especialistas e representantes do Ministério da Saúde vão se reunir hoje em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos para avaliar o atual programa e propor a inclusão de novas doenças, como a hiperplasia adrenal congênita, que causa a diminuição da produção de um hormônio essencial à vida, o cortisol, naturalmente produzido pelas glândulas adrenais.

Como é feito
Para o teste, é coletada uma amostra de sangue do calcanhar do bebê, daí o nome popular para essa triagem neonatal, e colocada num papel tipo mata-borrão para então ser encaminhado ao laboratório. Esse procedimento deve ser feito entre o 3º e 7º dia de vida do bebê. “Os bebês prematuros, porém, devem voltar ao hospital após 30 dias para uma nova etapa de exames”, diz Renato Kfouri, pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana.

O resultado pode demorar até 30 dias, e é fundamental que os pais se informem no hospital como devem fazer para obter o resultado. Caso haja alguma alteração, será solicitada uma nova coleta de sangue. “O que pode acontecer, por exemplo, é o primeiro teste indicar um resultado falso positivo e, no segundo, dar tudo normal”, diz Renato.

Para os pais que quiserem, há ainda um exame mais completo, chamado de ampliado, em que podem ser detectadas outras doenças. Esse procedimento é pago e o valor varia conforme o local em que é realizado.