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26 julho 2011

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Como identificar a “dor de crescimento”

Não sobrecarregar seu filho com muitos exercícios físicos pode ser a saída para evitar a dor noturna que aparece sem motivo


Além do xixi na cama e da vontade de tomar mamadeira, há outro motivo que pode fazer o seu filho acordar durante a noite: a chamada “dor de crescimento”. Sem explicações aparentes, a dor aparece e pode levar alguns pais ao desespero, levando o filho ao pronto-socorro, ou à descrença, achando que é invenção da criança.


Contrariando a crença popular, o ortopedista Nei Botter Montenegro, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, explica que a “dor de crescimento” não ocorre exatamente pelo crescimento ósseo de crianças e adolescentes. “Na infância, a grande maioria das queixas de dores noturnas normalmente surgem por causa do cansaço da musculatura, que ainda não conseguiu se recuperar das atividades feitas durante o dia”, explica.

De acordo com o especialista, este tipo de problema pode se iniciar aos três anos de idade e durar até os oito anos, fase em que a criança ainda não possui total consciência corporal. Por esta razão, os pais devem estar atentos: “Se a dor costuma ser em lugares diferentes e a criança continua realizando suas atividades diárias normalmente, sem sentir nenhum incômodo, então esta dor noturna corresponde à chamada ‘dor de crescimento’”.

A frequência com que a dor atrapalha o sono de seu filho também deve ser considerada, principalmente se ocorrer somente em um ponto específico da coxa ou do joelho, por exemplo, o que representa o perigo de existir um problema mais sério na região. Segundo Botter, a “dor de crecimento” não costuma ser contínua e surge durante a madrugada porque é quando a pressão arterial, a frequência cardíaca e a oxigenação dos tecidos diminuem, ocasionando dor onde houver um processo inflamatório ou um músculo cansado. “No dia seguinte, tudo volta ao normal”, revela.

Porém, quando a criança chega à adolescência e vivencia o estirão do crescimento, o motivo da dor se modifica. “Nesta fase, pode haver um puxar excessivo da musculatura nas pontas dos ossos que estão crescendo e surgir uma repercussão dolorosa, em que realmente podemos dar o nome de dor da área do crescimento”, explica Botter.
Segundo ele, esta inflamação é chamada de osteocondrite, e é preciso procurar um especialista para diagnosticar e reorientar as atividades físicas, com diminuição de esforço físico e realização do alongamento da musculatura.

Atividades físicas em excesso


Na infância, a dor muscular, caracterizada como “dor de crescimento”, surge, segundo Botter, do excesso de brincadeiras e de esportes, mas de acordo com o ortopedista pediátrico José Antônio Pinto, do Hospital Leforte, do Grupo Saúde Bandeirantes, em São Paulo, além da menor reserva de energia muscular para atividades físicas, a falta de alongamento muscular adequado também pode ocasionar a “dor de crescimento”.

A Academia Americana de Esportes indica que, para que um esportista não sobrecarregue seu corpo, é indicado realizar somente um esporte três vezes por semana, o que também deve ser considerado pelas crianças e adolescentes: “Essa é uma causa frequente de dor, por isso é preciso captar o quanto a criança está se esforçando nos esportes”, diz Botter.

Embora não seja possível fazer com que uma criança pare de pular e correr por aí, o ortopedista indica que, na infância, os pais devem ter alguns limites para as atividades que os filhos realizam. “Antes de matriculá-los no balé, no tênis e na natação, os pais precisam ter em mente que isso pode sobrecarregá-la, então é melhor fazer uma atividade de cada vez”, explica. Além disso, o alongamento se torna frequentemente necessário antes da prática de atividades físicas e, de acordo com Pinto, a maior ingestão de carboidratos e açúcares diminui as chances das dores aparecerem – ou voltarem a aparecer.

Como tratar?

De acordo com Pinto, a “dor de crescimento” muitas vezes podem apavorar os pais por ser confundida com outros problemas de saúde, como anemia, deficiências vitamínicas, diabetes ou até doenças sanguíneas, mas estes problemas só poderão ser diagnosticados por um médico e, quando existentes, as dores costumam aparecer com mais frequência. “Uma avaliação cautelosa se torna necessária se isso ocorrer, mas descartados estes problemas, os pais devem orientar as crianças do que deve ser feito antes da prática de esportes”, diz o especialista.
Por outro lado, na hora do surgimento da dor noturna, o especialista indica que, uma vez que o problema é diagnosticado, os pais podem realizar massagens e utilizar compressas quentes no local. Dependendo do caso e se a criança já estiver acostumada ao medicamento, um analgésico também pode ser dado, mas somente com orientação médica.
Renata Losso, especial para o iG São Paulo











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